afonso schmidt
"Não sou um intelectual que serve ao povo, mas um homem do povo mesmo, que tem a faculdade de se exprimir em arte'.
Afonso Schmidt nasceu ao pé da Serra do Mar, em Cubatão, São Paulo, Brasil, em 29 de junho de 1890. Naquela época Cubatão era um distrito da cidade de Santos.Filho de João Afonso e Odília Brunckenn Schmidt, o menino Afonso trazia com orgulho o sobrenome de seu bisavô, um alemão que viera ensinar os rudimentos da arte guerreira aos toscos soldados de dom Pedro I.
De Cubatão, levado pelos pais, o menino foi morar em São Paulo na Rua Bresser, que ainda hoje está lá no bairro do Brás, quase Pari, em meio a fábricas de chocolates e doces e confecções.
Foi num grupo escolar do Brás que Afonso Schmidt, lá pelos inícios de 1904, teve a primeira experiência nas letras. Como conta Raimundo Menezes em nota explicativa para Tempos das Águas (São Paulo, Clube do Livro, 1962), o menino Afonso ganhou de um colega uma pequena impressora, um trambolho com o qual, na verdade, não se entendeu.
Nas férias, ao retornar para a casa dos avós, o menino trouxe a pequena tipografia e começou a compor o que poderia ter sido o primeiro periódico de Cubatão, naquela Cubatão bucólica, a esse tempo um arrabalde muito distante de Santos.
No entanto, em Schmidt aquela impressora haveria de incutir o gosto pelo jornalismo. Logo depois, de volta a São Paulo, juntamente com Oduvaldo Viana, publicou o semanário Zig-Zag. Não tinha ainda 16 anos. Já colaborava com jornais do interior de São Paulo. Por essa época, atraído pelas festas de posse do presidente Afonso Pena, decidiu viajar sozinho para o Rio de Janeiro, então capital da República.
Seu primeiro livro "Lírios roxos" foi editado com dinheiro que sua mãe juntou e emprestou ao filho, que o vendeu de porta em porta.Em 1907, com 16 anos, parte para, com pouco dinheiro e muita audácia. Cansou-se, contudo, desta Lisboa ainda provinciana do começo do século e resolve ir a Paris, onde consegue emprego numa editora que preparava um dicionário francês-português.
Não ganhava muito, mas o pai sempre lhe mandava algum dinheiro pelo banco Crédit Lyonnais. Depois de um ano na Europa, retornou a Santos, dedicou-se ao jornalismo. Partiu para a aventura de fundar um jornal a que chamou de Vésper.Publicou, em 1911, seu primeiro livro de poesia, Janelas Abertas (1911).
Em 1913, retornou à Europa, desta vez estabeleceu-se em Milão, onde conseguiu em um jornal, emprego como correspondente em língua portuguesa. Viveu disso durante três meses.Retornou ao Brasil quando começava a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Em 1920, foi ao Rio de Janeiro para trabalhar num jornal de esquerda, A Voz do Povo.
Em Santos foi redator da "Folha da Noite", do "Diário de Santos" e de "A Tribuna". Não quis participar da Semana de Arte Moderna de 1922, mas formou um outro grupo que já rompera com o academicismo, junto com Monteiro Lobato, seu amigo pessoal.
Em 1924, em São Paulo, trabalhou na Folha da Noite e, em 1924, em O Estado de S.Paulo, onde permaneceu quase até os seus últimos dias. Foi nesse jornal que publicou em folhetim no suplemento literário alguns de seus principais romances: A Sombra de Júlio Frank, A Marcha e Zanzalá.
Em 1950, a revista O Cruzeiro concedeu-lhe um prêmio pela obra Menino Felipe.Em 1963 recebeu o prêmio O Intelectual do Ano, troféu Juca Pato, concedido pela União Brasileira de Escritores.
Foi sócio fundador do Sindicato dos Jornalistas do Estado de S. Paulo, membro da Academia Paulista de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.Faleceu em 3 de abril de 1964, na cidade de São Paulo, aos 73 anos,
De seu estilo:
Poeta parnasiano, apontou em seus versos desigualdades e injustiças sociais, que o inquietaram ao longo de toda a vida.
“São os versos de Afonso Schmidt o espelho do seu temperamento de sentimental, que se expressa sempre com uma grande delicadeza, uma grande ternura, uma admirável simplicidade."
Góes, Fernando [1960].
Em Panorama da poesia brasileira
A Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo instituiu o Dia do Escritor Paulista em sua homenagem, comemorado anualmente no dia de seu aniversário.
Hoje a cidade de Cubatão homenageia o autor anualmente com o evento cultural Semana Afonso Schmidt, a Banda Sinfônica Afonso Schmidt (que inclusive já excursionou pela Europa em intercâmbio patrocinado pela UNESCO em 1999) e o Coral Zanzalá.
Obras: Colônia Cecília – romance; A Marcha – romance; Zanzalá; O Menino Filipe (romance); A Primeira Viagem (autobiográfico); O Tesouro de Cananéia, (contos); A Vida de Paulo Eiró ; São Paulo de meus Amores (crônicas).;Mocidade (1921); Garoa (1932); Poesias (1934); Poesia (1945).