Alexandre Rodrigues Ferreira

Filho do comerciante Manuel Rodrigues Ferreira. Iniciou os seus estudos na Bahia no Convento das Mercês que concedeu suas primeiras ordens em 1768. Em Coimbra, inscreveu-se no Curso de Leis e posteriormente no de Filosofia Natural e Matemática, bacharelando-se aos 22 anos. Prosseguiu seus estudos na Universidade de Coimbra onde chegou a exercer a função de Preparador de História Natural.

Em 1779 obteve, nesta mesma Universidade, seu título de doutor e começou a trabalhar no Real Museu D'Ajuda. Aos 22 de maio de 1780 foi admitido como membro correspondente na Real Academia das Ciências de Lisboa.

Em 1773 a Rainha, Dona Maria I, ordenou a Alexandre Rodrigues Ferreira, na qualidade de naturalista, que empreendesse uma Viagem Filosófica pelas Capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá. O objetivo era conhecer melhor o centro-norte da colônia brasileira, até então praticamente inexplorado, a fim de lá implementar medidas desenvolvimentistas.

Em 1783 Rodrigues Ferreira deixou seu cargo no Museu D'Ajuda e, em setembro, partiu para o Brasil com a finalidade de descrever, recolher, aprontar e remeter para o Real Museu de Lisboa amostras de utensílios empregados pela população local, bem como de minerais, plantas, animais. Ficou também encarregado de tecer comentários filosófico e políticos sobre o que visse nos lugares por onde passasse. Esse pragmatismo será o diferencial desta expedição em relação às congêneres, mais científicas, comandadas por outros naturalistas que vieram explorar América.

Com dois desenhistas, Joaquim José Codina e José Joaquim Freire, e um jardineiro botânico, Joaquim do Cabo, que o acompanhariam durante toda a viajem, Rodrigues Ferreira, em outubro de 1783, aportou em Belém do Pará a charrua Águia e Coração de Jesus.

Os seus nove anos seguintes foram dedicados a percorrer centro-norte do Brasil, iniciando pelas ilhas Marajó, Cametá, Baião, Pederneiras e Alcoçaba. Subiu o Amazonas e o Negro até a fronteira, em seguida navegou pelo Branco até a Serra de Cananauaru. Subiu o Madeira e o Guaporé até Vila Bela, a então capital de Mato Grosso. Seguiu para vila de Cuiabá, transpondo-se da bacia amazônica para os domínios do Pantanal, já na bacia do Prata. Navegou pelos rios Cuiabá, São Lourenço e Paraguai.

Retornou a Belém do Pará, aonde chegou em janeiro de 1792.
Regressando à Lisboa em janeiro de 1793, foi nomeado Oficial da Secretaria do Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos. Em 1794 foi condecorado com a Ordem de Cristo e tomou posse como Diretor interino do Real Gabinete de História Natural e Jardim Botânico.

No ano seguinte foi nomeado, seguidamente, Vice Diretor dessa instituição, Administrador das Reais Quintas e Deputado da Real Junta do Comércio.