Marechal do ar eduardo gomes

Militar, ingressou na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, em 1916. Participou, em 1922, do levante do Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, que deu início ao ciclo de revoltas tenentistas contra o governo federal, que marcou a década de 20 no Brasil. O movimento, que contou com a participação de algumas guarnições militares sediadas no Rio de Janeiro e no estado do Mato Grosso, foi rapidamente controlado pelo governo do presidente Epitácio Pessoa. O Forte de Copacabana foi cercado pelas tropas fiéis ao governo e a maioria dos revoltosos se renderam. Eduardo Gomes esteve entre o reduzido número de rebeldes que optaram por abandonar o Forte e enfrentar as tropas legalistas, mesmo praticamente sem qualquer possibilidade de vitória. Foi então ferido e preso, enquanto alguns de seus companheiros tombaram mortos na praia de Copacabana. 

No ano seguinte, foi posto em liberdade para aguardar seu julgamento. Antes, porém, que sua condenação fosse confirmada refugiou-se no interior do país. Em seguida, retomou a atividade conspirativa e participou da deflagração do levante tenentista ocorrido na capital paulista, em julho de 1924. Fez parte, então, do estado-maior do movimento e foi responsável pelo bombardeamento de quartéis e prédios públicos da cidade. Com formação na área de aviação militar, dirigia-se em missão aérea ao Rio de Janeiro quando, por motivos técnicos, seu avião foi obrigado a aterrissar, caindo em poder do inimigo. Conseguiu, porém, escapar e refugiou-se em casa de parentes, na capital federal. 

Na capital paulista, os revoltosos, após ocuparem a cidade por três semanas e sem condições de enfrentar o cerco das tropas legalistas, decidiram retirar-se para o interior do estado e, em seguida, dirigiram-se ao estado do Paraná, onde se juntaram a um outro grupo de revoltoso vindos do Rio Grande do Sul, liderados por Luís Carlos Prestes. Formou-se, então, a Coluna Prestes, que percorreria o interior do país por cerca de dois anos em campanha contra o governo federal. Eduardo Gomes dirigia-se ao sul do país para integrar-se às tropas de Prestes quando foi novamente preso. 

Foi solto somente em 1926, já no governo de Washington Luís. Na iminência de uma nova prisão, porém, refugiou-se no interior do país até 1929, quando apresentou-se às autoridades e foi preso. Permaneceu no cárcere até maio de 1930, quando foi libertado e se integrou imediatamente às conspirações que objetivavam a derrubada de Washington Luís pelas armas, após o fracasso eleitoral da Aliança Liberal. Encontrava-se em Barbacena (MG), quando o movimento de outubro foi deflagrado, participando das operações militares naquela cidade. 

Com o estabelecimento do novo regime, procurou não se envolver diretamente nas disputas políticas. Deu prioridade, então, à sua carreira militar, participando da criação e dirigindo o Correio Aéreo Militar. Em novembro de 1935, como comandante da 1º Regimento de Aviação, deu combate ao levante deflagrado contra o governo federal por setores da Aliança Nacional Libertadora (ANL), frente anti-fascista e anti-imperialista, integrada por comunistas, socialistas e "tenentes" de esquerda. Em 1937, pediu exoneração do comando desse regimento por se opor à decretação do Estado Novo. 

Em 1941, após a criação do Ministério da Aeronáutica, foi promovido a brigadeiro. Foi, em seguida, nomeado para o comando da I e da II Zonas Aéreas, sediadas em Belém e Recife. Transferiu-se para a capital pernambucana, onde iniciou a construção de bases aéreas com apoio de recursos norte-americanos. Nesse contexto, cumpriu importante papel de ligação entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos, na Segunda Guerra Mundial. 

No final do Estado Novo, passou a se articular com setores de oposição liberal, que lançaram seu nome às eleições presidenciais, marcadas para dezembro de 1945. Em torno de sua candidatura foi articulada a criação da União Democrática Nacional (UDN). Realizado o pleito presidecial, após acirrada campanha, acabou derrotado pelo general Eurico Dutra, que havia sido ministro da Guerra de Vargas e que recebeu o apoio das forças comprometidas com o Estado Novo. 

Em 1950, foi novamente lançado candidato à presidente da República pela UDN, sendo dessa vez derrotado pelo própio Vargas. Em seguida, recusou o convite do presidente eleito para assumir o Ministério da Aeronáutica. Foi um dos líderes da campanha pelo afastamento de Vargas após o atentado contra o jornalista Carlos Lacerda, em agosto de 1954 e assumiu o ministério da Aeronáutica no governo de Café Filho (1954-1955). Sempre alinhado com a UDN, opôs-se a posse de Juscelino Kubitscheck na presiência da República argumentando que o candidato não havia obtido maioria absoluta no pleito realizado em 1955. 

Em 1964, já transferido para a reserva, esteve entre os articuladores do golpe militar que depôs o presidente João Goulart. Em janeiro de 1965, voltou a chefiar o Ministério da Aeronáutica, permanecendo no cargo até março de 1967.