Sobre o IHGS

Criada para difundir a memória e discutir o futuro

No final do ano de 1937, algumas das mais importantes figuras intelectuais da cidade resolveram que era hora de fundar um Instituto que pudesse congregar o estudo da história e ciências locais. Assim, Francisco Martins dos Santos, Durval Ferreira e Edmundo Amaral, convenceram o comendador Júlio Conceição, figura de grande poder na cidade, a coordenar a fundação da nova entidade cultural, o que veio acontecer em dia 19 de janeiro de 1938, data em que ocorreu a primeira Assembleia Geral para a fundação do Instituto Histórico e Geográfico de Santos. Todas as reuniões preliminares realizaram-se nas residências de seus membros, com maior incidência na casa de Francisco Martins dos Santos, na qual também se realizou a reunião de fundação, com a presença daqueles que haviam sido escolhidos para constituir a primeira diretoria e o primeiro conselho.

A sede que abrigaria o IHGS foi escolhida a dedo. Tratava-se do casarão que abrigava o Clube Zoológico do Brasil - Seção de Santos. Sua construção foi iniciada na segunda metade de 1886 e terminada em março de 1887. Inicialmente serviu como sede de uma grande chácara que abrangia toda a região do atual bairro do Boqueirão. Era considerado uma das melhores residências da estrada velha da Barra. Seu primeiro proprietário foi o comerciante italiano Domênico Levreiro, vice-cônsul da Itália em Santos, além de presidente da Sociedade Italiana de Beneficência e diretor da FerroCarril Santista, empresa de bondes pertencente ao também italiano, João Éboli.

Em 1888, a casa era vendida para Francisco Frisoni, italiano de Gênova. Na época, o terreno era bem maior do que o atual e contemplava duas residências. Em 1903, a residência passou para as mãos do major Álvaro Ramos Fontes. Este promoveu grande reforma no casarão, dotando-o de várias janelas no entorno. Morou muitos anos no imóvel o major Fontes, que foi superintendente da Companhia Docas de Santos, de 1894 a 1919. Quando faleceu, em 27 de fevereiro de 1928, deixou o bem como herança para três filhas.

Foi nesta época que o Instituto Histórico e Geográfico de Santos se instalou no casarão, como inquilino das três filhas do major Fontes, em 1938, juntamente com a seção santista do Clube Zoológico do Brasil. Porém, no início da década de 1940, os donos do imóvel resolveram vendê-lo. Caberia ao Instituto Histórico comprá-lo ou deixá-lo. Sem poder contar mais com a ajuda do comendador Júlio Conceição (seu primeiro presidente), que havia falecido, caberia aos membros da instituição buscar alternativas para escapar daquela situação difícil.

Foi então que o então presidente, Costa e Silva Sobrinho, teve a ideia de solicitar auxílio ao santista Valentim Bouças, que era um dos maiores economistas e financistas do país, além de importante membro do Governo Federal. Bouças era dono de grande riqueza e não negou-se a ajudar.

Com a ajuda de Edgar Cerqueira Falcão, portador de algumas mensagens entre as partes, Bouças acabou cedendo a quantia necessária para Costa e Silva Sobrinho, na qualidade de presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Santos, para a aquisição da casa em definitivo. Para registrar a história de tão generosa ajuda, a edificação foi batizada como “Edifício Valentim Bouças”.

Difusão da memória santista
Por décadas, o Instituto Histórico e Geográfico de Santos atuou como importante centro de cultura e intelectualidade, mantendo sob sua proteção inúmeros acervos, desde livros (cerca de 20 mil volumes até 2012), até coleções de selos, moedas, pedras, fósseis, animais empalhados, etc.

Associação dos Combatentes de 32 e União Brasileira de Trovadores
O prédio do Instituto Histórico e Geográfico de Santos abriga ainda a Associação dos Combatentes de 32 e a União Brasileira de Trovadores (UBT).

Tombamento e novos planos
A edificação foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico de Santos (Condepasa) em 2005. Dois anos depois, a diretoria da instituição apresentou um plano de restauro e construção de um prédio anexo, que ainda estão em estudo.