josé martins fontes

José Martins Fontes, o "Zezinho Fontes", nasceu na casa 4 da praça José Bonifácio, filho de Isabel Martins Fontes e do Dr. Silvério Martins Fontes, freqüentou os principais colégios de seu tempo, entre eles o Colégio Nogueira da Gama, em Jacareí. Em sua vida de estudante em Santos, teve como professor Tarquínio da Silva, ao qual prestou homenagem posteriormente. Mais tarde vai para o Rio de Janeiro, onde estuda no Colégio Alfredo Gomes.

Aos oito anos de idade, Martins Fontes publicou seus primeiros versos num jornalzinho denominado "A Metralha" dando os primeiros sinais do grande poeta que iria ser durante sua vida, do qual foram publicados 9 números aos domingos e cujo cabeçalho em três cores era feito por seu avô, o coronel Francisco Martins dos Santos. A 1° de maio desse mesmo (1892) estréia o moço poeta, recitando um hino a Castro Alves no Centro Socialista, organização marxista-leninista criada por seu pai. Com dezesseis anos, ele lê uma ode de sua autoria na inauguração do monumento comemorativo ao quarto centenário do Descobrimento do Brasil, levantado próximo à biquinha em São Vicente.

Em 1906, defendeu tese de doutorado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro tornando-se médico sanitarista, tendo convivido com poetas como Olavo Bilac, Coelho Neto, Emílio de Meneses e outros. Depois de formado foi médico da Comissão das Obras do Alto Acre, interno da Santa Casa do Rio de Janeiro, auxiliar de Oswaldo Cruz na profilaxia urbana, médico da Santa Casa de Misericórdia de Santos, médico da Beneficência Portuguesa de Santos, inspetor sanitário em Santos e Diretor do Serviço Sanitário.

Também foi médico da Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio, da Companhia Segurança Industrial, da Companhia Brasil, da Repartição de Saneamento e da Casa de Saúde de Santos. Durante a epidemia de gripe de 1918 tornou-se um dos beneméritos da cidade, desdobrando-se para socorrer os bairros do Macuco e Campo Grande e estendendo sua ação para a localidade de Iguape. Como médico, notabilizou-se como conferencista e foi tisiologista da Santa Casa de Misericórdia de Santos e destacado humanista, lutou junto com Oswaldo Cruz em defesa sanitária da cidade de Santos. Dois dias por semana dedicava-se por completo ao atendimento em seu consultório de pessoas sem poder aquisitivo.

Em 1914 mudou-se para Paris, e lá fundou, com Olavo Bilac, uma Agência Americana para serviços de propaganda dos produtos brasileiros na Europa e em outros países. A partir de 1924 tornou-se correspondente da Academia de Ciência de Lisboa. Quando Júlio Prestes, presidente do estado de São Paulo e candidato à presidência da República, partiu em viagem para percorrer os países da Europa, Martins Fontes foi convidado para acompanhá-lo como médico da caravana paulista. Muito viajado, conheceu o Brasil de norte a sul, a Argentina, Uruguai, Estados Unidos, França, Inglaterra, Espanha, Itália e Portugal.

Escreveu durante toda a sua vida, trabalhando para os jornais "A Gazeta" e "Diário Popular" em São Paulo, e para o "Diário de Santos" e o "Cidade de Santos". Sua obra, bastante volumosa, soma mais de setenta títulos publicados em poesia e prosa, além de algumas de caráter científico.

Foi titular da Academia das Ciências de Lisboa e, ao longo de sua vida, recebeu os títulos de comendador da Ordem de São Tiago da Espada, Cavalheiro da Espanha, Par da Inglaterra e Grã-Cruz da Ordem de São Tiago da Espada, conferido pelo Presidente da República de Portugal. É patrono da cadeira n.° 26 da Academia Paulista de Letras.

Morreu em Santos e está sepultado no Cemitério de Paquetá, na mesma cidade.

Obras

"O Lezado" (1908) 
"Chicouuu" (versos, 1917) 
"Granada" (poema, 1899) 
"A gripe em Iguape" (1920) 
"A transformação das classes parasitárias em classes produtivas" (estudo social, 1920) 
"Boêmia Galante" (versos, 1920) 
"Arlequinada" (fantasia, 1922) 
"As cidades eternas" (versos, 1923) 
"Rosicler" (versos, 1923) 
"Marabá" (versos, 1923) 
"Prometeu" (versos, 1924) 
"Pastoral" (versos, 1925) 
"Partida para Citera" (teatro, 1925) 
"Volúpia" (versos, 1925) 
"Decameron" (contos, 1925) 
"Vulcão" (1926) 
"O céu verde" (versos, 1926) 
"Schaharazade" (1927) 
"A fada Bombom" (versos, 1927) 
"Escarlate" (versos, 1928) 
"O Colar Partido" (prosa, 1927) 
"Santos" (conferência, 1925) 
"A flauta encantada" (poesias, 1931) 
"Paulistânia" (poesias épicas, 1934) 
"Terras da Fantasia' (prosa, 1933)

Obras póstumas 

"Indaiá" (poesia, 1937) 
"A Canção de Ariel" (poesias, 1938) 
"Nos Jardins de Augusto Comte" (poesias, 1938) 
"Calendário Positivista" (poesias, 1938)