Roberto Simonsen

Engenheiro civil, concluiu seu curso na Escola Politécnica de São Paulo, em 1909. Em 1912, assumiu a chefia da Diretoria Geral da Prefeitura de Santos, cargo que deixou poucos meses depois para fundar a Companhia Construtora de Santos, empresa que realizou obras de grande porte na cidade, inclusive no setor de planejamento urbano. Adepto do taylorismo, Simonsen racionalizou o funcionamento de sua empresa, obtendo excelentes resultados do ponto de vista de sua produtividade.

Nos anos seguintes, ampliou seus negócios, passando a investir em outros setores, como a indústria. Em 1916, fundou e passou a presidir o Centro dos Construtores e Industriais de Santos, que objetivava oferecer assistência aos trabalhadores, ao mesmo tempo que inovava as relações entre patrões e empregados no Brasil ao instituir, pela primeira vez no país, uma junta de conciliação, que funcionava sem qualquer caráter oficial.

Com o tempo, suas idéias e propostas acerca dos rumos da economia brasileira ganharam prestígio. Em 1919, participou com destaque da missão comercial brasileira enviada à Inglaterra, onde fez a defesa da participação de capitais e tecnologias estrangeiras no desenvolvimento econômica brasileiro. Ainda nesse mesmo ano, foi nomeado representante brasileiro no Congresso Internacional dos Industriais de Algodão, realizado em Paris, e na Conferência Internacional do Trabalho, ocorrida em Washington.

Em 1928, os industriais paulistas, que até então se faziam representar na Associação Comercial de São Paulo, decidiram abandonar a entidade para fundar uma outra que representasse exclusivamente os seus interesses. Foi criado, então, o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), de cuja primeira diretoria Roberto Simonsen fez parte como vice-presidente. Nas eleições presidenciais de 1930, a diretoria do CIESP apoiou o candidato situacionista Júlio Prestes. Apesar de vitorioso nas urnas, Prestes não chegou a tomar posse, uma vez que Getúlio Vargas, o candidato derrotado, à frente de um movimento revolucionário, assumiu o governo em novembro de 1930, depois do afastamento do presidente Washington Luís.

Em 1932, Simonsen assumiu papel destacado na direção do Movimento Constitucionalista de São Paulo, deflagrado contra o governo federal. Ficou sob sua responsabilidade, por exemplo, a condução do processo de adaptação do parque industrial paulista à economia de guerra, além de outras funções importantes. Com a derrota do movimento, em outubro de 1932, exilou-se durante um mês em Buenos Aires.

Ainda em 1932, criou em São Paulo o Instituto de Organização Racional do Trabalho (Idort). Em seguida, presidiu o Instituto de Engenharia de São Paulo e colaborou na fundação da Escola Livre de Sociologia e Política do estado, onde mais tarde lecionaria história econômica do Brasil.

Em 1933, elegeu-se à Assembléia Nacional Constituinte como deputado classista, representando as entidades sindicais do empresariado. Durante os trabalhos da Assembléia, combateu, junto com a maioria da bancada paulista, a inclusão da representação classista na nova Carta, o que, contudo, acabou ocorrendo. Fez ainda a defesa da intervenção estatal na economia e da legislação social e trabalhista. Em 1934, após a conclusão dos trabalhos constituintes, obteve novo mandato de deputado classista, agora para a legislatura ordinária que se iniciou em maio de 1935. Nesse mesmo ano, assumiu a presidência da Confederação Industrial do Brasil (CIB), posteriormente rebatizada como Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em 1937, assumiu a presidência da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).

Não se opôs à instalação da ditadura do Estado Novo por Vargas, em novembro de 1937. Durante a vigência desse regime, foi ativo colaborador do governo, destacando-se nos trabalhos de órgãos técnicos governamentais voltados ao fomento das atividades econômicas. Em 1942, foi nomeado para o conselho consultivo da Coordenação de Mobilização Econômica, órgão federal que desempenhou importante papel na condução da economia brasileira no contexto da Segunda Guerra Mundial.

A partir do final do Estado Novo, ganhou destaque nas instâncias governamentais e na imprensa a polêmica travada entre Simonsen, defensor da planificação econômica, e o economista Eugênio Gudin, defensor de teses ultra-liberais contrárias à intervenção estatal.

Com o fim do Estado Novo e a redemocratização do país, ingressou no Partido Social Democrático (PSD), pelo qual elegeu-se senador por São Paulo, em 1947. Um ano antes, havia se tornado o primeiro economista a conquistar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL).

Morreu no Rio de Janeiro, em 1948, exatamente durante uma solenidade na ABL.